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Manga nomeia políticos e apoiadores para cargos criados por ele um ano atrás

Os 30 novos cargos acarretam um custo extra de R$ 4,75 milhões por ano, só com o pagamento dos salários. Quando vereador, Manga era contra a criação de cargos

Fábio Jammal Makhoul (Portal Porque)

Entre os nomeados do prefeito, com um salário mensal de mais de R$ 12 mil, estão ex-candidatos, gente de partido e pessoas da igreja. Foto: montagem Porque

Um ano depois de criar mais 30 cargos de confiança na Prefeitura, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) já preencheu mais de dois terços das vagas, com a nomeação de políticos e apoiadores. Os cargos, chamados de Diretores de Área rendem a cada beneficiado um salário mensal de R$ 12.185,62, o equivalente a dez salários mínimos.

Entre os nomeados estão os candidatos derrotados na última eleição para vereador Rafael Militão, Daniel Police e Fernando Marques, todos apoiadores de Manga. Também ganhou um cargo criado pelo prefeito a pastora Karen Macedo, presidente da Confederação das Irmãs Beneficentes Evangélicas de Sorocaba e ex-assessora do deputado Cezinha de Madureira (PSD), também pastor e correligionário de Manga.

Os 30 novos cargos criados por Manga no final de dezembro do ano passado geram um custo extra de R$ 4,75 milhões por ano só com o pagamento dos salários. O valor apurado pelo PORQUE não inclui férias, encargos trabalhistas e outras verbas de natureza salarial, como vale-alimentação e vale-refeição. Pela Lei de Acesso à Informação, o PORQUE descobriu que há 79 cargos de diretor de área na Prefeitura, que são de livre nomeação do prefeito. Até o ano passado, eram 49 cargos. Além dos trinta novos diretores de área, Manga criou mais 161 cargos, mas estes são destinados a funcionários de carreira (leia aqui).

No momento, 67 dos 79 cargos de diretor de área estão ocupados. Em setembro, quando a reportagem consultou a Prefeitura pela Lei de Acesso à Informação, eram 69 os cargos ocupados. Um deles pertencia ao ex-candidato a vereador e apoiador de Manga, Alexandre Caixeiro. Policial e bolsonarista, ele logo foi promovido para comandar a Secretaria de Segurança da Prefeitura.

Se o cargo de diretor de área serve de porta de entrada para o primeiro escalão da Prefeitura, também serve como porta de saída. Luiz Carlos Siqueira Franchim, por exemplo, perdeu o cargo de presidente da Urbes Trânsito e Transportes no dia 24 de janeiro deste ano, mas foi nomeado como diretor de área da Secretaria de Mobilidade da Prefeitura no mesmo dia.

Situação interessante é da diretora de área da Secretaria de Governo Emanuela Shirley Ferreira Gois, última nomeada pelo prefeito, em outubro passado. Integrante da Igreja Mundial do Poder de Deus, Emanuela tem se envolvido em nomeações polêmicas feitas por Manga desde 2013, pelo menos.

No dia 10 de fevereiro daquele ano, o jornal Cruzeiro do Sul publicou a matéria “Escolha de nomes privilegia influência política”, sobre a composição do Governo Pannunzio, e citou que Emanuela ganhou um cargo na Casa do Cidadão por indicação do então vereador. Segundo o jornal, ela trabalhou fortemente na campanha de Manga para a Câmara, em 2012.

Já no dia 11 de fevereiro de 2018, o mesmo jornal publicava uma nota em que informava a exoneração de Emanuela Shirley Ferreira Gois de um dos cargos de gestor de área da Urbes. “Emanuela é indicada do presidente da Câmara, Rodrigo Manga (DEM), e já figurou em outros cargos no governo de José Crespo (DEM)”, dizia a nota. Já o jornalista Deda Benette, em seu blog, explicava que a exoneração de Emanuela Gois era uma retaliação de Crespo contra Manga, por entender que o então presidente da Câmara forçou a criação da CPI que acabaria com sua cassação, meses depois.

Curiosamente, há três anos, o então prefeito Crespo enviou uma reforma administrativa para a Câmara, que criava oito cargos de diretor de área, quase quatro vezes menos que os criados por Manga. Na época, no entanto, o vereador Manga pensava muito diferente do atual prefeito e deu um show no plenário, mostrando toda sua revolta com a criação dos cargos. Clique aqui para ver a “indignação” do então vereador Rodrigo Maganhato com os oito cargos criados pela reforma administrativa de Crespo.

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