Busca

Greve dos aeronautas segue sem acordo às vésperas do Natal com atrasos em voos

Os aeronautas cobram das empresas aéreas reajuste salarial, manutenção da convenção coletiva, definição dos horários de início e o veto a alterações nos horários de folgas programadas

Lucas Lacerda (Folhapress)

Até às 14h desta quarta (21), Congonhas registrava 57 atrasos e 44 cancelamentos, segundo a Infraero. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A greve de pilotos, copilotos e comissários chega ao terceiro dia de paralisações nesta quarta (21), às vésperas do Natal, com atrasos e cancelamentos de voos em ao menos 20 aeroportos no país.

As suspensões de decolagens entre 6h e 8h continuarão até que a categoria negocie e aceite uma proposta de reajuste e regime de folgas das empresas aéreas. É o que diz o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que representa os tripulantes aéreos.

Até às 14h desta quarta (21), Congonhas registrava 57 atrasos e 44 cancelamentos, segundo a Infraero. O Santos Dumont, no Rio, também operado pela empresa pública, teve 90 atrasos e 65 cancelamentos.

No entanto, a Infraero diz que os transtornos podem não ter relação com a greve. O Santos Dumont, especificamente, tem sido afetado desde o início da manhã por fortes chuvas, que causaram atrasos e cancelamentos.

Em Brasília, houve atraso em 26 dos 70 voos previstos para esta manhã, com partidas entre entre 6h e 12h, o que gerou atraso em outros aeroportos, como os de Porto Seguro, Maceió, São Luiz e Ilhéus, entre outros. Três voos foram cancelados por causas do mau tempo.

No Rio, o Galeão registrou quatro atrasos durante a manhã, segundo a assessoria. Já Guarulhos, segundo a concessionária GRU Airport, teve quatro atrasos e um cancelamento.

Até as 14h, o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, havia registrado 13 atrasos e um cancelamento até o momento, e o de Fortaleza, cinco atrasos.

Na terça (20), as paralisações afetaram ao menos 11 aeroportos no país, já que os atrasos e cancelamentos de decolagens geram um efeito cascata para outros locais.

Em uma live transmitida pelo canal do SNA no Youtube, representantes do sindicato convidaram colegas para a greve e disseram que as paralisações continuarão a ocorrer nos aeroportos indicados na assembleia: Congonhas (São Paulo), Guarulhos (SP), Galeão, Santos Dumont (ambos no Rio), Viracopos (Campinas), Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e Confins (Grande Belo Horizonte).

Os aeronautas cobram das empresas aéreas a recomposição salarial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e ganho real (acima da inflação) de 5%. Nas cláusulas sociais, pedem a manutenção da convenção coletiva da categoria e a definição dos horários de início e o veto a alterações nos horários de folgas programadas.

“Ainda aguardamos as empresas se manifestarem”, diz o presidente do SNA, Henrique Hacklaender. “Nós também gostaríamos que terminassem [as paralisações], mas as empresas estão sendo intransigentes”, afirma.

Em nota divulgada na terça (20), o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) voltou a afirmar que as empresas aéreas têm trabalhado para dar assistência aos passageiros. O sindicato também alegou dificuldades das companhias aéreas por causa do aumento de custos no QAV (querosene de aviação) e o impacto financeiro da pandemia no setor.

Em relação às negociações, o Snea citou no texto a proposta rejeitada pela categoria no domingo (18), com recomposição de perdas da inflação e um ganho real de 0,5%, além da autorização para tripulantes venderem voluntariamente as folgas.

O argumento financeiro tem sido contestado pelo SNA, que justifica o pedido de reajuste de 5% com o aumento da demanda de voos domésticos e, consequentemente, das receitas.

Na terça (20), o sindicato dos aeroviários (profissionais da aviação no solo), que também negociava reajustes com as empresas, disse, em nota, que aceitou a proposta do Snea e aprovou a atualização da Convenção Coletiva de Trabalho.

De acordo com os representantes dos aeroviários, após a rejeição da primeira oferta, as empresas propuseram o reajuste dos salários, vale-refeição, vale-alimentação e demais benefícios monetários em 5,97%, equivalente ao INPC.

mais
sobre
Congonhas Greve dos aeronautas Infraero Santos Dumont Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA)
LEIA
+