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Com letalidade maior que a do Estado, Sorocaba registra novas mortes pela covid

Índice de mortes de 3% entre os casos confirmados é maior que o registrado no Estado de São Paulo (2,8%), no Brasil (1,9%) e no mundo (1%)

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

A médica Ana Paula alerta para o risco causado por um relaxamento nos cuidados básicos, associado a uma baixa vacinação de reforço. Foto: divulgação

Às vésperas das festas de fim de ano, que costumam dar pretexto a reuniões em família, em bares e nas empresas, Sorocaba registra uma nova escalada do número de casos e de mortes causadas pela covid-19. Nesta quinta-feira, 8, a Prefeitura informou quatro registros de mortes causadas pelo coronavírus entre os dias 25 de novembro e 8 de dezembro.

O total de óbitos em Sorocaba, informado pela Prefeitura, é de 3.211. O número é maior do que o registrado pelo site SP Contra o Coronavírus, mantido pelo governo do Estado, por meio da Fundação Seade, segundo o qual Sorocaba teria 3.206 óbitos registrados. A diferença se explica por um atraso de alguns dias na atualização do site do governo estadual. Segundo a Prefeitura, as mortes ocorreram desde o dia 1o e foram informadas nesta quinta-feira (8) à Vigilância Epidemiológica pelos hospitais.

Mesmo com a volta de casos na cidade, desde setembro a Prefeitura de Sorocaba não divulga os boletins diários dos números de contágio, internações e mortes pela covid-19. A suspensão na divulgação dos números diários de casos por parte do governo municipal pode, segundo especialistas na área de saúde, levar à falsa impressão de que não há mais contágio e mortes pela doença acontecendo.

Números da mortandade e vacinação

Conforme os dados disponíveis na Fundação Seade, Sorocaba está à frente da taxa de mortalidade registrada do Estado de São Paulo (2,8%), do Brasil (1,9%) e do Mundo (1%), ou seja, aqui a covid mata mais gente do que a média desses locais: 3% dos doentes acabam falecendo.

A média leva em consideração a população total contaminada. Como já noticiado largamente pela mídia, a maior parte dos pacientes que morrem são pessoas com doenças preexistentes, como as doenças do coração, e pacientes do sexo masculino.

O descuido em tomar as doses de reforço da vacina contra a covid é um dos motivos para o agravamento da doença. Em Sorocaba, segundo dados da Fundação Seade, 668.362 doses da primeira vacina foram aplicadas. Na segunda dose, a quantidade de vacinas aplicadas cai para 604.989 e assim progressivamente no primeiro e segundo reforços, quando foram aplicadas 415.596 doses e apenas 197.601 doses, respectivamente — uma redução de 38% e 60% em relação à primeira dose tomada pela população.

Relaxamento e falta de vacina causam mais casos

Para a médica Ana Paula Pereira Martingo Delbaje, especialista em clínica geral e geriatria, houve um relaxamento das pessoas nas medidas de distanciamento e de higiene, além da redução das testagens e do isolamento dos doentes. Com isso, a disseminação do vírus aumentou rapidamente. “Além disso, as taxas de vacinação de reforço foram baixas e estamos com atraso na campanha de reforço com as vacinas atualizadas para as novas cepas”, explica Nana, como é conhecida.

Médicos e especialistas em saúde concordam que a principal medida neste momento é conscientizar os doentes com sintomas leves que devem se afastar e usar máscaras. “Mas não é o que vemos na prática, infelizmente. Acho que nos ambientes de cuidados de saúde (consultórios, clínicas, hospitais, farmácias) não deveríamos abandonar o uso de máscaras tão cedo”, opina Nana.

Ela reforça ainda que o uso da máscara pela população continua sendo fundamental. “Ela evita que quem está contaminado dissemine o vírus, além de proteger os mais vulneráveis, vacinados ou não. Temos pouca educação em saúde da população e é importante compartilhar informação de qualidade para que aumentemos o engajamento. A desinformação e a disseminação de informações falsas são os maiores males da pandemia. Busquem sempre orientação com profissionais confiáveis”, destaca a geriatra, referindo-se também à importância da participação ativa de todos para a prevenção da covid.

A médica considera ainda de extrema importância a vacinação das crianças como forma de prevenção à disseminação do vírus da covid, já que são elas os vetores de vários vírus, e faz um alerta: “Possivelmente teremos um novo aumento de casos em janeiro, sim.”

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