“Era uma pressão em cima da gente. E estava nítido que a questão era com o Lula”, declarou o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar, em depoimento ao documentário “Amigo secreto”, que terá pré-estreia nesta segunda, 13, e chegará aos cinemas na quinta-feira, 16.
Com direção de Maria Augusta Ramos, que também dirigiu “O processo” (sobre o impeachment de Dilma Rousseff, disponível na Netflix), o documentário já está sendo considerado, por esse depoimento, uma espécie de pá de cal nas alegadas boas intenções da Operação Lava-Jato, conduzida pelo ex-juiz Sergio Moro e tendo à frente o procurador Deltan Dellagnol – ambos pré-candidatos nas eleições deste ano.
Conforme adiantou a Folha de S. Paulo deste domingo, segundo o ex-executivo, os interrogadores insistiam em perguntas sobre “o irmão do Lula, o filho do Lula, não sei o que do Lula, as palestras do Lula”. “Nós [os que buscavam acordo de colaboração premiada] levávamos bola preta. ‘Ah, você não falou o suficiente.’ Vai e volta, vai e volta. ‘Senão, não aceitamos o teu acordo’” – relatou.
Alexandrino acabou por comprometer Lula na questão do sítio em Atibaia, que rendeu uma condenação ao ex-presidente, posteriormente anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por julgar a 13.a Vara Federal de Curitiba (PR), que tinha Moro como juiz titular, incompetente para julgar as acusações contra Lula.
Também há um ano, o STF declarou a suspeição de Moro na condução dos processos relacionados ao ex-presidente. Mesmo sem reconhecer formalmente as gravações das mensagens reveladas pelo site The Intercept, em que Moro, Dellagnol e os procuradores de Curitiba combinavam estratégias para tentar incriminar Lula, a Corte entendeu que Moro agiu de forma parcial contra o ex-presidente.