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ONU e Supremo pressionam governo para encontrar desaparecidos no Amazonas

Redação Porque

A Organização das Nações Unidas (ONU) criticou nesta sexta, dia 10, o descaso do Governo Bolsonaro com as duas pessoas desaparecidas no Amazonas e cobrou que as autoridades brasileiras “redobrem” os recursos e esforços para as operações de buscas pelo indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai). e o jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian. Os dois estão desaparecidos desde domingo, 5, na região do Vale do Javari.

Também nesta sexta, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou providências imediatas, por parte da União, para a localização do indigenista e do jornalista. A decisão atendeu a pedido formulado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709. Barroso exigiu que a União, suas entidades e órgãos, apresentem relatório em cinco dias corridos, sobre as providências adotadas até o momento.

“Sem uma atuação efetiva e determinada do Estado brasileiro, a Amazônia vai cair, progressivamente, em situação de anomia, de terra sem lei. É preciso reordenar as prioridades do país nessa matéria”, afirma o ministro em sua decisão.

ONU CRITICA

A crítica da Organização das Nações Unidas partiu do Alto Comissário para os Direitos Humanos em entrevista coletiva realizada em Genebra. A porta-voz da agência das Nações Unidas, Ravina Shamdasani, afirmou que a resposta do governo Bolsonaro foi “extremamente lenta” e lamentou que o incidente foi “desdenhado” por autoridades.

“Uma linguagem de desdenhar foi inicialmente usada, o que foi muito lamentável”, contestou Ravina, em resposta ao presidente Bolsonaro e autoridades do governo que, em diversas ocasiões, responsabilizaram Bruno e Phillips pelo próprio desaparecimento.

“A resposta (do governo ao desaparecimento) foi extremamente lenta, infelizmente. Achamos bom que agora, após uma medida judicial, as autoridades tenham empregado mais meios para as buscas. O Estado tem a responsabilidade de proteger o trabalho de jornalistas e de defensores dos Direitos Humanos. Eles têm a obrigação de assegurar o direito à segurança e de iniciar uma investigação”, garantiu a porta-voz.

A agência da ONU também disse estar preocupada com os “constantes ataques e perseguições enfrentados por defensores dos direitos humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil”. Ravina Shamdasani disse ainda que o órgão tem ciência que autoridades brasileiras do alto escalão “têm feito declarações lamentáveis contra jornalistas”. O que, de acordo com as Nações Unidas, “pode resultar num endosso para aqueles que querem cometer ataques contra jornalistas por seu trabalho”.

Ravina também ressaltou que Dom Phillips e Bruno Pereira “fazem um papel importante na região, levantando alertas e inclusive monitorando e reportando atividades ilegais no Vale do Javari”. A viagem dos dois tinha como objetivo denunciar a invasão de terras indígenas por garimpeiros, madeireiros, pescadores e caçadores ilegais.

Fonte: Redação, com informações do UOL, STF e RBA

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