Depois de 22 anos ausente do teatro, a atriz e diretora Edeméia Pereira, a Méia, está de volta ao ensino da arte de representar, agora dirigindo o curso que vem sendo realizado no Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) em parceria com a Associação de Eventos Culturais (Assec). As aulas ocorrem às segundas-feiras (das 19h às 21h) e às terças-feiras (das 19h às 21h30). Dezenove alunos estão matriculados no curso.
Méia é uma diretora e atriz experiente, premiada, que dirigiu e produziu dezoito espetáculos de 1987 a 1999, período em que atuou como orientadora de Artes Cênicas do Sesi Sorocaba. A última peça dirigida por ela foi “O Medo é uma Segunda Sombra”, monólogo escrito pelo jornalista Gai Sang, em 1999. “Desde então estive de fora do palco, mas observando que o momento teatral da cidade, assim como a cultura em geral, está padecendo e sendo sufocado por falta de sensibilidade do atual governo, que reserva verba cada vez menor para a Cultura da cidade. Para bancar suas produções, os artistas têm que se virar do avesso, já que as leis de incentivo têm ‘incentivado´ muito pouco os produtores culturais”, afirma.
“Eu estava nesse momento de reflexão quando recebi um convite do presidente da Assec, Wilson Vieira, para aplicar este curso. Aceitei. E estou recomeçando do zero. Renovei minha biblioteca para atualizar meus estudos, e vim com muita vontade. Os atuais alunos se mostram bem estimulados e progridem a cada aula. O curso tem duração de seis meses. No final, apresentaremos um espetáculo”, conta Méia.
A professora de geografia Elisabete Delfino Germano, atualmente aposentada, e com 57 anos, vive a sua primeira experiência no teatro: “Procurei o curso para desenvolver minha linguagem corporal, melhorar minha comunicação e despertar minha criatividade. Está sendo um exercício bem agradável, com novos desafios — e que ainda me proporciona a formação de mais um grupo de amigos”, conta.
Esta também é a primeira vez que o estudante Thiago Rodrigues Freitas, 17, participa de um curso de teatro. “Sempre tive vontade de ingressar num curso assim, porque sou extremamente comunicativo e porque quero aprimorar ainda mais meu poder de fala. Habilidades que podem me ajudar numa possível faculdade de publicidade ou de jornalismo. Felizmente, este curso do Sindicato é gratuito, o que facilita o acesso. Venho gostando muito das aulas da professora Méia, assim como do ambiente de acolhimento e afeto proporcionado pelos demais participantes.”
Pelos cursos já ministrados por Méia, passaram pelo menos quatrocentos alunos, muitos dos quais deram sequência à carreira com muito brilho, a exemplo de Marcus Azzini, hoje diretor de uma companhia estável, na Holanda; Eros Valério Ramos – ator de teatro e cinema; Eli André Corrêa – ator de teatro e cinema; Ricardo Cardoso – especialista na obra de Shakespeare; Rodolfo Amorim – ator do Grupo XIX de Teatro (SP); Monica Grando – atriz e professora do Teatro Escola Macunaíma.
Conquistas
Sob direção de Méia, a peça “O Baile”, que é uma adaptação teatral do filme homônimo dirigido por Ettore Scola, feita pelo jornalista Gai Sang, conquistou os prêmios de 2º Melhor Espetáculo, Melhor Cenografia e Melhor Ator Coadjuvante no Festival Nacional de Ponta Grossa, Paraná, em 1991.
E com a direção de “A Fúria”, igualmente adaptada por Gai Sang, Méia amealhou os prêmios de Melhor Direção, Melhor Espetáculo, Melhor Trilha Sonora, Melhor Coreografia, Melhor Texto Original, Melhor Iluminação, Ator Revelação, dados pelo júri do Festival de Teatro Amador de Sorocaba, em 1992.
Méia também recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival Nacional de Teatro Amador de Ponta Grossa, em 1983, com o espetáculo “Fio Terra”, texto e direção de Roberto Gil Camargo. E igualmente foi a melhor atriz no Festival de Teatro Amador de Sorocaba, em 1985, atuando na peça “Concerto nº 10 em Dor Maior para Quatro Atores”, texto e direção de Carlos Roberto Mantovani.