A Comissão do Concurso Público da Câmara de Sorocaba está preparando um relatório completo sobre os problemas encontrados nas provas, para ser apresentado na próxima segunda-feira, dia 6, à Mesa Diretora do Legislativo. A Comissão não confirma, mas é provável que o relatório também apresente recomendações sobre o encaminhamento que a Câmara deve tomar em relação ao concurso. O PORQUE apurou que a Câmara está dividida entre os que defendem o cancelamento do concurso e os que querem anular ou refazer apenas as provas que tiveram problemas de plágio.
A Comissão também recebeu dentro do prazo limite as respostas da empresa Avança SP, responsável pelo concurso, para os questionamentos da Câmara. A reportagem apurou que a empresa repetiu a mesma justificativa já apresentada para a imprensa: de que o profissional responsável pela prova de Língua Portuguesa entregou, por engano, as mesmas questões para as bancas organizadoras dos concursos da Câmara de Sorocaba e da Prefeitura Buriticupu, no interior do Maranhão.
Na resposta, a empresa teria dado mais detalhes sobre o procedimento, mas também teria defendido que não há problema no fato de a mesma prova ter sido aplicada quinze dias antes no Maranhão. A Avança SP já havia alegado anteriormente para a imprensa que “sendo conteúdo sob domínio público, não há nenhum impedimento legal a sua utilização, desde que atenda ao conteúdo programático do edital”.
A empresa também teria se justificado, na resposta à comissão da Câmara, sobre a acusação de que havia prova com o lacre violado.
AS PROVAS COMPROMETIDAS
A denúncia de plágio na prova do concurso da Câmara foi noticiada na segunda-feira passada, em primeira mão, pelo PORQUE (leia mais aqui). Diante das denúncias, a Comissão do Concurso Público da Câmara de Sorocaba verificou todos os 19 modelos de provas aplicadas (uma para cada cargo em disputa) e encontrou perguntas copiadas do concurso do Maranhão em 13 provas (leia mais aqui).
Segundo a apuração da Câmara, as provas objetivas de Português para Oficial de Comunicação, Mestre de Cerimônias, Operador de Câmera e Oficial Legislativo reproduziram 15 questões aplicadas no Maranhão. Já as provas para os cargos de Analista Orçamentário e Financeiro, Analista de Recursos Humanos, Designer Gráfico, Técnico em Informática e Engenheiro Civil tiveram seis questões plagiadas. Também tiveram perguntas copiadas as provas para os cargos de Telefonista (9 questões), Oficial de Manutenção (7), Motorista (7) e Agente de Apoio Legislativo (11).
Além do plágio, os candidatos do concurso da Câmara fizeram uma série de denúncias de irregularidades na prova nos últimos dias. A reclamação mais comum é que não houve controle dos celulares e muitos candidatos fizeram a prova com o aparelho em mãos. Os concurseiros também reclamam da prova de informática, cuja resposta correta para todas as perguntas era a letra A. Outra reclamação é sobre o despreparo dos fiscais para aplicar as provas.
Ao todo, 20.600 pessoas participaram do concurso da Câmara e pagaram quase R$ 1,2 milhão em taxa de inscrição. Esse valor, segundo o contrato assinado entre o Legislativo e a Avança SP, ficou integralmente com a empresa, agora acusada de plágio (leia mais aqui).
Apesar dos prejuízos que um eventual cancelamento do concurso causará, principalmente para aqueles que vieram de outras cidades e Estados, todos os concurseiros entrevistados ao longo desta semana pelo PORQUE são categóricos em defender a realização de um novo certame (leia mais aqui).
