
Peron era o nome por trás das piadas que o Brasil inteiro ria pela boca de Chico Anysio, Ronald Golias e Rogério Cardoso, entre outros nomes importantes do humor nacional. Ele também criou o personagem Pacheco, símbolo da Copa de 82 e que até hoje é sinônimo de torcedor ufanista. Foto: Montagem/Porque
Sorocaba perdeu hoje um dos seus artistas mais talentosos, o cartunista Wilson José Peron, aos 65 anos. A causa da morte, ocorrida nesta segunda, dia 7, na Santa Casa de São Paulo, foi uma parada cardiorrespiratória. O corpo do artista será velado na Ossel da Vila Assis nesta terça, dia 8. O enterro será no cemitério Memorial Park, mas o horário ainda não foi confirmado pela Ossel.
Sorocabano da gema, Peron começou a fazer sucesso na década de 1970, com charges nos jornais Diário de Sorocaba e Cruzeiro do Sul. Logo chamou a atenção, pelo traço inconfundível e pelas sacadas sobre a política e os fatos do dia a dia, sobretudo no Diário de Sorocaba, onde atuava ao lado do humorista Marcos Cesar, conhecido como Ary Madureira.
Ainda na década de 80, Peron transferiu-se para São Paulo. Contratado para escrever e desenhar para as principais agências de publicidade e canais de televisão do país, Peron era o nome por trás das piadas que o Brasil inteiro ria pela boca de Chico Anysio, Ronald Golias, Lúcio Mauro, Arnô Rodrigues, Rogério Cardoso, Nair Bello e outros nomes importantes elite do humor nacional.
Entre os principais trabalhos de Peron está a criação e a produção da série “Bronco”, protagonizada pelo humorista Ronald Golias, e que foi um grande sucesso da TV Bandeirantes, algumas décadas atrás. No elenco, estrelas como Renata Fronzi, Nair Bello, Laerte Morrone, Anselmo Vasconcellos e Agnaldo Rayol brilhavam com os textos muito bem redigidos por Peron. Ao todo, foram 138 episódios, que marcaram toda uma geração, na década de 1980.
Além dos programas de humor na TV, Wilson José Perón também se destacou no meio publicitário, criando personagens para propagandas que marcaram época. Uma delas foi para a Gillette, patrocinadora oficial da Copa do Mundo de 1982. Perón trabalhava na agência Alcântara Machado, uma das maiores do país, quando foi convocado para criar uma personagem para animar os intervalos dos jogos.
Nascia aí o Pacheco, torcedor irreverente e espalhafatoso, que caiu no gosto popular. Até hoje, Pacheco é sinônimo de torcedor ufanista. A inspiração de Peron ao criar o torcedor símbolo da Copa de 82 foi seu próprio pai, que era corintiano roxo.
Com trabalhos de sucesso realizados em diversas áreas, definir Wilson Peron não é tarefa fácil. Fato é que este sorocabano foi um talento raro, seja como cartunista, publicitário, roteirista, criador, produtor de conteúdo ou artista plástico.